Investimentos ideais para freelancers, autônomos e afins

Quer guardar seu dinheiro e fazê-lo render com segurança? Conheça os investimentos ideais para freelancers e para você que é seu próprio chefe: renda fixa ou variável?

Quem tem seu próprio negócio sempre está sujeito a todo tipo de imprevistos quando a questão é dinheiro – em alguns casos, fazer investimentos é algo que nem passa pela cabeça. Afinal, as finanças podem não ser tão equilibradas quanto a de quem recebe um salário fixo todo mês.

Pensando nisso, é importante que freelancers, autônomos, profissionais liberais, microempreendedores e cia. aprendam e pratiquem investimentos sempre que possível.

Mas por onde começar?

Disclaimer

mulher olhando para um quadro negro onde há um desenho de um gráfico com dinheiro

Não há fórmula mágica pra enriquecimento e nem tenho como objetivo aqui ensinar a ficar milionário.

Também reforço que não sou consultor financeiro ou coisa do tipo. Não trabalho nessa área de finanças nem vivo de investimentos. Sou um trabalhador comum: tenho um negócio próprio e me preocupo em guardar dinheiro.

Então, tenha em mente que tudo que você ler aqui são sugestões de alguém como você, talvez com um pouco mais de estudo e prática nessa área de investimentos.

Talvez minhas recomendações não sejam ideais para seu perfil, mas pode ser que meu texto te ajude a encontrar o caminho certo.

Entenda seu perfil de investidor

Assim que você faz um cadastro em uma corretora de investimentos, um teste deve ser feito: o suitability, que traça o perfil de risco do investidor.

São perguntas que ajudarão a indicar se você é um investidor com perfil conservador, moderado ou agressivo, por exemplo.

Faça esse teste com atenção. Não saia investindo em qualquer coisa sem antes saber seu perfil!

É iniciante? Procure pelo menor risco

Um dos objetivos desse texto é justamente listar investimentos de baixo risco. E não estou falando da Poupança (que por incrível que pareça tem mais riscos que alguns investimentos).

Busque sempre por investimentos com proteção do Fundo Garantidor de Créditos, por exemplo. No link você pode entender mais sobre o assunto.

Cuidado com as taxas e prazos

Taxas de custódia, imposto de renda, taxa de administração e performance… leia atentamente sobre cada investimento para saber quais taxas estão em jogo.

Por exemplo, CDBs têm IR regressivo – a cada intervalo de tempo a taxa é reduzida:

  • 22,5% para aplicações com prazo de 180 dias;
  • 20,0% para aplicações com prazo de 181 até 360 dias;
  • 17,5% para aplicações com prazo de 361 até 720 dias;
  • 15,0% para aplicações com prazo superior a 721 dias.

Prazos de liquidação (retirada do dinheiro) também são importantes, afinal, você precisa saber quando poderá ter o dinheiro na sua conta.

Alguns investimentos têm prazo final definido, outros não – nesses pode haver variação de D+X (sendo D o dia da solicitação de resgate e X o número de dias úteis até o dinheiro cair na sua conta). Por exemplo, D+1 significa que seu investimento estará em sua conta em um dia útil.

Em alguns casos há também o prazo de cotização, que é o período em que suas cotas serão convertidas em dinheiro para o saque. Logo, se o prazo de cotização é D+5, o valor que você irá receber irá ser definido dentro de 5 dias úteis (então o valor pode subir ou cair dependendo do tipo de investimento). Depois disso vem o prazo de liquidação, explicado no parágrafo anterior.

Por fim, alguns investimentos de liquidez diária (ou seja, que podem ser resgatados em qualquer dia) podem resultar em prejuízo se forem sacados antes de um determinado tempo.

É o caso do Tesouro Selic: há cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) até o 30º dia da compra. Isso, junto com as demais taxas do Tesouro Direto, pode te levar a perder dinheiro caso você realize a retirada antes desses trinta dias.

Na dúvida, consulte sua corretora e estude!

Toda corretora de valores têm canais de atendimento e materiais para consulta. Tire suas dúvidas com quem entende do assunto.

Ah, e evite fazer investimentos utilizando bancos grandes. Além de taxas altas, os rendimentos também são inferiores.

Então, pesquise bastante!

Homem com notas de 100 reais nas mãos
Cuide do seu dinheiro: invista com cuidado!

O que considerar como investimento ideal para freelancers, autônomos e semelhantes

Freelancers, autônomos e afins normalmente não recebem o mesmo valor todo mês, ao contrário de um funcionário assalariado, por exemplo, que sabe exatamente o que vai receber todo mês.

É importante levar isso em consideração na hora de escolher seus investimentos. Afinal, em um mês você pode receber X+Y, mas no mês seguinte apenas X. Se não for possível pagar suas contas apenas com X, você vai precisar de dinheiro guardado.

Então, para esse caso, considero como ideais investimentos assim:

  • Risco baixo a moderado: todo investimento tem seus riscos, é verdade. Mas aqui, como você pode precisar de um dinheirinho extra de uma hora pra outra, o foco é ter o menor risco possível;
  • Alta liquidez: isso significa poder “sacar” seu investimento em um prazo curto sem grande ou nenhuma penalidade;
  • Fáceis de manter: por fim, se o foco principal é o seu negócio, o ideal é buscar por investimentos que não irão tomar muito seu tempo com planejamento e acompanhamento, por exemplo.

Além disso, quando possível, é preciso dividir os investimentos: tanto em diversidade quanto em objetivos.

Renda fixa em geral

Renda fixa é, basicamente, o tipo de investimento que tem uma rentabilidade previsível. Ou seja, quando você investe, saberá exatamente qual será o critério de rendimento, e com isso poderá simular o valor que receberá no final do investimento.

Nem sempre a simulação será 100% fiel ao investimento feito, é claro. Funciona assim:

  • Pré-fixado: tem a rentabilidade predefinida no momento do investimento (por exemplo: 13% ao ano). Nesse caso você saberá exatamente quanto irá resgatar no final do investimento.
  • Pós-fixado: a rentabilidade é definida por indexadores, que variam a cada mês (por exemplo, a taxa SELIC, que já variou entre 14,25% e 2% ao ano). Aqui você estará sujeito à variação do indexador, que normalmente fica acima da inflação.

Não tem uma opção melhor que a outra: tudo depende do tempo, oportunidade e planejamento.

Os investimentos de renda fixa que indico são:

  • CDB: idealmente com rendimento igual ou superior a 100% do CDI;
  • Tesouro Direto: preferencialmente o Tesouro Selic;
  • LCI e LCA: na prática são semelhantes aos CDBs, mas sem cobrança de IR;
  • Fundos de investimento em renda fixa: normalmente tentam superar os 100% do CDI;
  • Debêntures: normalmente têm potencial para rendimentos maiores que os supracitados, e também são isentos de IR;

Mas não basta escolher “os melhores” e pronto. Como eu havia comentado, é preciso definir objetivos para cada investimento.

Curto prazo: emergências e movimentação

Manter uma reserva de emergência é imprescindível. Ela garante a saúde financeira da sua empresa e a sua também. O ideal é ter uma reserva sua e uma reserva de sua empresa, é claro, já que são fatores diferentes.

O recomendado é ter uma reserva de pelo menos 6 meses. Para você, considere um valor mensal que é o suficiente para pagar suas contas e ter seu estilo de vida; para sua empresa, considere os gastos mensais, equipamentos e uma quantia para manter em caixa.

Esse dinheiro deve estar investido em investimentos de curto prazo, ou seja: que podem ser liquidados (ou “sacados”) em um curto período de tempo, preferencialmente em até um dia útil.

Além disso, pode ocorrer de sobrar um dinheiro no final do mês. Por que deixar ele parado? Invista-o também – a quantia agora pode ser baixa, mas pelo menos irá render. E com o tempo você poderá acumular dinheiro o suficiente para investir em algo com rentabilidade maior.

Ou seja, se você não tem dinheiro o suficiente para diversificar e traçar objetivos, comece com investimentos assim. Primeiro, monte sua reserva; depois, junte dinheiro para outros investimentos.

As recomendações aqui são CDBs de liquidez diária, Tesouro Selic e Fundos de investimento em renda fixa. No caso do CDB é possível receber a quantia desejada na hora se for um dia útil; já no Tesouro Direto a liquidação é em D+1 (um dia útil após o pedido). Cada fundo de investimento tem um prazo diferente para pagamento da quantia.

Médio prazo: planejamento e reinvestimentos

Quer um computador novo ano que vem? Ou quem sabe garantir que haverá dinheiro disponível para o IPTU, imposto de renda e tudo mais?

Se você tem objetivos a médio prazo, opte por investimentos de médio prazo. Há diversas possibilidades: de vencimentos em 90 dias a um ano, dois anos…

Nesse caso você terá uma data exata para fazer o resgate, e investimentos assim costumam ter a rentabilidade maior. Afinal, quanto maior o prazo, maior o rendimento.

Recomendo LCIs e LCAs por serem isentos de IR. Mas, claro, você terá que procurar por um rendimento que seja realmente superior (por exemplo, acima de 85% do CDI).

Longo prazo: patrimônio e aposentadoria

Investimento de longo prazo são aqueles para “esquecer”: você investe uma quantia e deixa lá por anos, quem sabe décadas.

O exemplo mais básico disso é o dinheiro para a aposentadoria. Não faz sentido deixar esse dinheiro “acessível” agora, se você ainda trabalha, não é mesmo? Então invista-o em algo de longo prazo, o que garantirá uma maior rentabilidade.

Outro exemplo é juntar dinheiro para comprar um imóvel. Se você planeja ter uma quantia boa para usar como entrada daqui 5 anos, por exemplo, busque um investimento que tenha data de liquidação próxima a desse seu objetivo.

Aqui minha recomendação fica para Debêntures, LCIs, LCAs e Tesouro IPCA+. Inclusive, o último fica de recomendação por poder ser facilmente resgatado antes do prazo (com possível deságio, ou seja: pode ser que você resgate um valor inferior ao que foi investido). Assim você pode separar uma quantia para alguma possível mudança nos planos – quem sabe?!

Renda variável

Renda variável define o tipo de investimento que não tem uma rentabilidade previsível – e que pode até mesmo gerar prejuízos devido sua volatidade.

Ações e moedas estrangeiras, por exemplo: em um dia você compra por um valor X+Y, e em minutos o valor poderá ser X+Y+Y ou apenas X.

Renda variável não necessariamente é um investimento de alto risco. Há diversos meios que apresentam uma segurança maior a essa volatidade, como fundos de investimento, FIIs (fundos de investimento imobiliário) e ETFs (exchange traded funds, ou fundos de índice negociados na bolsa).

Particularmente eu não gosto de FIIs. A meu ver, na prática é basicamente a mesma coisa que CDBs, mas com o risco da volatidade do preço do papel. Enquanto no CDB seu valor investido está protegido, em um FII ele poderá cair (ou subir, é claro).

Ações pagadoras de dividendos me chamam mais a atenção apesar de pagarem em intervalos maiores (como trimestralmente ou até mesmo anualmente) por um motivo: a volatidade é maior, então a possibilidade de ganhos (ou de perdas) é maior também.

Os dois últimos parágrafos se contradizem?

É que aqui o raciocínio é: se CDB e FII têm rendimentos semelhantes, prefiro ficar com o menos arriscado. Se ações pagadoras de dividendos têm possibilidade de crescimento a curto prazo além dos dividendos em si, gerando um retorno superior aos outros dois tipos de investimento, prefiro assumir o risco.

Mas aqui minha recomendação é: só invista em renda variável se você tiver todas as suas reservas guardadas, além de uma situação financeira saudável.

Afinal, além dos riscos, você também terá que acompanhar o mercado e entender pelo menos o mínimo sobre cada empresa que você deseja em sua carteira de investimentos.

Lembre-se de que sua própria renda é variável: você não tem um salário fixo e poderá passar por um período de vacas magras. Então, busque investimentos mais conservadores. Foque na renda fixa!

Faça seu dinheiro trabalhar também

Investir é fazer seu dinheiro gerar mais dinheiro. É como se o dinheiro trabalhasse por você e recebesse pagamentos também.

Com estudo o suficiente para saber se você estará tomando as decisões certas, certamente você terá mais segurança financeira daqui pra frente.

Créditos das imagens: Freepik.

Fabio Lobo
Formado em Publicidade e Propaganda e Design de Publicidade, trabalha com web design e desenvolvimento, mas sempre arruma um tempo pra ler, estudar e escrever sobre quase tudo. Siga no twitter!
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